Roteiristas de Hollywood entraram em greve nesta terça-feira, 2, após tentativas frustradas de negociação para melhores salários e condições de trabalho. A Writers Guild of America (WGA), união de sindicatos que representam a classe, informou que nas últimas seis semanas tentou chegar a um acordo com as empresas Netflix, Amazon, Apple, Disney, Discovery-Warner, NBC Universal, Paramount e Sony, mas não teve sucesso. “Ao longo da negociação, explicamos como as práticas comerciais das empresas reduziram nossa remuneração e resíduos e prejudicaram nossas condições de trabalho. Nosso negociador-chefe, assim como os redatores do comitê, deixaram claro aos representantes trabalhistas dos estúdios que estamos determinados a fechar um novo contrato com remuneração justa que reflita o valor de nossa contribuição para o sucesso da empresa e inclua proteções para garantir que a redação sobreviva como uma profissão sustentável”, informou a WGA em nota. 


A última greve da categoria aconteceu há 15 anos, durou 100 dias e custou à economia da Califórnia mais de US$ 2 bilhões. O WGA representa cerca de 11.500 escritores em Nova York, Los Angeles e outras regiões. “Ninguém quer isso, mas é necessário. Esse negócio começa no roteiro. Sem páginas, sem lucros”, disse Courtney Perdue, escritora de “Up Here” e “Gossip Girl”, à Variety. A Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), associação comercial que negocia em nome de estúdios, redes de televisão e plataformas de streaming, declarou por meio de um comunicado que foram oferecidos “aumentos generosos na remuneração dos roteiristas”. O principal ponto de discórdia, de acordo com os gigantes do entretenimento, é que a proposta sindical faz exigências relacionadas à quantidade de profissionais que devem ser contratados e ao período de duração desses contratos. Na visão da WGA, as empresas do ramo estão tornando o ofício dos roteiristas “uma profissão totalmente freelance”. 


Em alguns casos, o impacto será dessa paralisação será imediato. Segundo a NBC, programas de entrevistas populares na TV americana, como o “Saturday Night Live”, podem cancelar sua exibição até o fim da semana. A greve também pode atrasar o lançamento de filmes e séries, pois a falta de roteiro deve resultar em interrupções nas filmagens. Em casos mais radicais, produtores de atrações dramáticas e cômicas com roteiros ainda não finalizados podem ser forçados a encurtar as temporadas das produções. Essa paralisação acontece em um momento visto como turbulento em Hollywood, isso porque os serviços de streaming estão dominando cada vez mais esse mercado e, consequentemente, a TV tradicional tem perdido cada vez mais audiência. Além disso, o investimento em inteligência artificial tem colocado em risco o futuro das profissões criativas.



Jovem Pan/Liberdade FM - Foto - Divulgação